segunda-feira, 20 de agosto de 2018

O QUE É VIVER COM PROPÓSITOS

 Por: Ed René Kivitz
Propósito é a razão porque algo existe. O propósito do fogo é queimar, da água é molhar, da faca é cortar, do veneno é matar e do remédio é curar. E o propósito do homem? Qual é a razão porque o ser humano existe? Trato desse assunto em meu livro Vivendo com propósitos, onde abordo os propósitos humanos universais derivados da afirmação bíblica: “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” [Gênesis 1.27]. Você pode aprofundar sua reflexão a respeito dos propósitos universais lendo o livro. 
Mas existe também a ideia de propósitos pessoais e particulares. As tradições filosóficas e religiosas se ocupam em abordar essa questão de como descobrir a razão da existência de cada ser humano particular. Em quase todas elas existe uma noção de que o propósito para a vida humana passa pelo senso de vocação, isto é, cumprir um chamado, se incumbir de uma tarefa atribuída pela vida, pelo destino ou pelos deuses.
Na tradição cristã podemos tomar o apóstolo Paulo como referência. Paulo, sem dúvida um dos maiores gênios da humanidade, responsável por fazer a síntese entre as culturas judaica e grega de sua época, que deu origem ao que chamamos cristianismo que fundamenta a cultura ocidental, acreditava que sua vida somente valia a pena porque cumpria um propósito divino.
Veja o que ele diz:
A respeito de alguns assuntos, eu lhes escrevi com toda a franqueza, como para fazê-los lembrar-se novamente deles, por causa da graça que Deus me deu,de ser um ministro de Cristo Jesus para os gentios, com o dever sacerdotal de proclamar o evangelho de Deus, para que os gentios se tornem uma oferta aceitável a Deus, santificados pelo Espírito Santo.  [Romanos 15.15,16] 
Irmãos, quero que saibam que o evangelho por mim anunciado não é de origem humana.Não o recebi de pessoa alguma nem me foi ele ensinado; pelo contrário, eu o recebi de Jesus Cristo por revelação.Deus me separou desde o ventre materno e me chamou por sua graça. Quando lhe agradourevelar o seu Filho em mim para que eu o anunciasse entre os gentios, não consultei pessoa alguma.[Gálatas 1.11-16]
Não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão-somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus. [Atos 20.24]
Paulo foi chamado de “apóstolo aos gentios”, responsável por levar a mensagem de Jesus Cristo para além das fronteiras do judaísmo. Dizia que  isso era o “ministério que o Senhor Jesus me confiou”. A palavra “ministério” é tradução do grego “diaconia”, e indica “ser comissionado por Deus para prestar um serviço, fazer um trabalho, cumprir uma tarefa”. Esse é, portanto, o sentido secundário de propósito: uma diaconia.
Como você pode saber se recebeu de Deus uma diaconia, e sua vida tem um propósito a cumprir? Sugiro quatro critérios:
Primeiro, o propósito é algo que você faz independentemente de remuneração. Na verdade, o propósito é algo que você faz mesmo que precise pagar para fazer. Em alguns períodos de sua vida o apóstolo Paulo trabalhou como fabricante de tendas durante a semana e se dedicou aos sábados para divulgar a mensagem de Jesus nas sinagogas. Fabricar tendas era sua profissão e seu trabalho, enquanto divulgar a mensagem de Jesus era seu propósito, sua vocação. Em outras ocasiões, quando encontrava patrocinadores e financiadores e mantenedores para se dedicar exclusivamente ao seu propósito e vocação, não hesitou em deixar de lado a atividade de fabricante de tendas [Atos 18.1-5]. O propósito, portanto, é algo que você faz mesmo sem receber qualquer remuneração.
Em segundo lugar, o propósito é algo que você faz para beneficiar mais pessoas além de você mesmo, sua família e as pessoas do seu círculo mais íntimo de afetos. Cuidar de si mesmo e dos seus é básico para qualquer pessoa. O propósito tem a ver com um universo muito maior e mais abrangente do que as pessoas que você convive e que você tem afinidade. O propósito implica prestar um serviço útil para uma coletividade, a sociedade onde você está inserido, e até mesmo o mundo todo. Aquilo que você faz em benefício da família e dos amigos pode ser sua obrigação, ou no máximo um hobby, mas não um propósito e uma vocação.
Outro critério para identificar um propósito é o nível de sacrifício que você está disposto a fazer para que ele se realize. Um propósito exige sacrifícios de doer. Para realizar um propósito você abre mão das coisas, das oportunidades e possibilidades que quem não tem o mesmo propósito não precisa ou não deseja sacrificar. O propósito também exige que você assuma compromissos e se entregue num nível de dedicação que quem não compartilha do mesmo propósito não se sente impelido ou na obrigação de assumir.
Finalmente, o quarto critério para saber se você tem mesmo um propósito, é constatar que aquilo que você faz dá sentido e significado para sua vida. O propósito leva a nossa vida para além da mediocridade, isto é, além da mera sobrevivência. O propósito faz com que nossa vida seja incomum. Nesse sentido, deixar de cumprir o propósito e morrer é quase a mesma coisa. Deixar de prestar a diaconia, fracassar ou ser negligente em cumprir aquele serviço, equivale a ser medíocre, cair na vala comum de quem vive para comer e come para viver. É isso o que apóstolo Paulo diz quando afirma que sua vida não tem valor caso deixe de cumprir o ministério que recebeu do Senhor Jesus. Uma vida sem valor é mera sobrevivência, é fútil, sem sentido e não gera interferência na realidade - não faz diferença. Martin Luther King Jr. disse: “se você ainda não encontrou uma causa pela qual valha a pena morrer, ainda não encontrou razão para viver”.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Existem pessoas cruéis disfarçadas de boas pessoas



Existem pessoas cruéis disfarçadas de boas pessoas. São seres que machucam, que agridem por intermédio de uma chantagem emocional maquiavélica baseada no medo, na agressão e na culpa. Aparentam ser pessoas altruístas, mas na verdade escondem interesses ocultos e frustrações profundas.

Muitas vezes ouve-se dizer que “quem machuca o faz porque em algum momento da vida também já foi machucado”. Que quem foi magoado, magoa. No entanto,  ainda que por trás destas ideias exista uma base verídica, existe outro aspecto que sempre nos custa admitir: A maldade existe. As pessoas cruéis, por vezes, dispõem de certos componentes biológicos que as empurram em direção a determinados comportamentos agressivos.

 “Não há maldade mais cruel que a que nasce das sementes do bem.” 
-Baldassare Castiglione-

O cientista e divulgador Marcelino Cereijudo nos assinala algo interessante. “Não existe o gene da maldade, porém há certos aspectos biológicos e culturais que a podem propiciar”. A parte mais complexa deste tema é que muito frequentemente tendemos a buscar rótulos e patologias em comportamentos que simplesmente não entram dentro dos manuais de psicodiagnóstico.

Os atos maliciosos podem ocorrer sem que exista necessariamente uma doença psicológica subjacente. Todos nós, em algum momento da nossa vida, já conhecemos uma pessoa com este tipo de perfil. Seres que nos presenteiam com bajulação e atenção. Pessoas agradáveis, com êxito social, mas que em privado delineiam uma sombra obscura e alargada. Na profundeza dos seus corações respira a crueldade, a falta de empatia, e até mesmo a agressividade.

As pessoas cruéis e a molécula da moral
Tal como dissemos anteriormente, até hoje ninguém conseguiu identificar a existência do gene da maldade. No entanto, nos últimos anos aumentaram os estudos sobre um aspecto fascinante: a denominada “molécula da moral”. Para compreender melhor o que é esta estrutura, iremos nos contextualizar a partir de uma história real. Uma história terrível, que lamentavelmente acontece com muita frequência.

Hans Reiser é um programador norte-americano famoso por ter criado os arquivos ReiserFS. Atualmente, e desde 2008, está na prisão de Mule Creek por ter assassinado sua esposa. Ele não teve problema em se declarar culpado e em revelar onde enterrou o corpo de Nina Reiser. Como dado curioso, vale a pena dizer que este especialista em programação dispõe de uma inteligência prodigiosa, ao ponto de ter iniciado os seus estudos universitários ainda adolescente.

Depois de um julgamento rápido e de ter ingressado na prisão de San Quintín, decidiu preparar ele próprio o seu recurso. Através de 5 folhas escritas à mão, argumentou  que o seu cérebro funcionava de maneira diferente. Reiser tinha conhecimento dos estudos que estavam a ser realizados sobre a oxitocina e a utilizou como argumento. Segundo ele, tinha nascido com o seguinte problema: o seu cérebro não produzia a chamada molécula da moral. Carecia de empatia.

Obviamente, e como era de se esperar, este argumento não o impediu de cumprir a pena perpétua. No entanto, o tema sobre a origem da maldade voltou a entrar em debate. Nos dias de hoje, dá-se pleno valor ao fato de que a oxitocina é o hormônio que faz de nós seres “humanos” na sua vertente mais autêntica. Pessoas educadas e preocupadas em ajudar, cuidar e empatizar com os nossos semelhantes.


Como se defender da crueldade camuflada
No nosso cotidiano, nem sempre nos relacionamos com pessoas tão cruéis como a anteriormente citada. Porém, somos vítimas de outro tipo de interações: as de falsa bondade, a agressividade encoberta, a manipulação, o egoísmo sutil, a ironia mais daninha, etc.

 “O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e sim por aquelas que permitem a maldade.” -Albert Einstein-

Estes comportamentos podem ser resultado de vários aspetos. Carência de inteligência emocional, um ambiente pouco afetivo onde a pessoa cresceu ou até mesmo um déficit na liberação da oxitocina. Tudo isto talvez determinará essa agressividade mais ou menos encoberta. De qualquer forma, não podemos esquecer que quando falamos de agressividade, não estamos nos referindo exclusivamente ao dano físico.

A agressão emocional, a instrumental ou a verbal são feridas menos denunciáveis devido à necessidade de serem provadas, mas são mais corriqueiras e por isso temos que nos defender. Explicaremos como.

Pessoas cruéis: saber reconhecê-las e evitá-las
Todos podemos ser vítimas das pessoas cruéis. Não importa a idade, o status ou as nossas experiências anteriores. Este tipo de pessoa pode ser encontrado no meio da família, em ambientes de trabalho e em qualquer outro cenário. No entanto, podemos identificá-las de várias formas.

A pessoa de coração obscuro nos seduzirá com a mentira. Elas irão se camuflar por trás de palavras bonitas e atos nobres, mas pouco a pouco surgirá a chantagem. E mais tarde, a criação do medo, da culpa e da violência mental.
Perante estes mecanismos, cabe apenas uma opção: a não-tolerância. Não importa que seja a nossa irmã, nossa parceira ou um colega de trabalho. Os perturbadores da calma e do equilíbrio só buscam uma coisa: acabar com a nossa autoestima para ter o controle.

Teremos a sensação clara de que não há saída. De que elas nos têm sob suas redes. No entanto, vale recordar que “é mais poderoso aquele que é dono de si mesmo”. Por isso, é importante acabar com o jogo da dominação e da agressividade com determinação.

Os jogos da dominação e da agressividade encoberta são muito complexos. No entanto, é necessário agir com rapidez para remover armadilhas e reagir a ameaças veladas. No momento em que sentirmos desconforto ou preocupação em relação a certos comportamentos, só existe uma opção: a distância.

Fonte: www.amenteemaravilhosa.com. br