sábado, 31 de março de 2018

A Cruz e o nosso pecado


                                                                 "Para Celebrar a Páscoa" - Ricardo Barbosa de Sousa - Editora Ultimato 




“Deus todo-poderoso, de coração enternecido contemplamos o imenso sofrimento a que teu Filho unigênito se submeteu. Ó Senhor, dá que eu me arrependa verdadeiramente de meus pecados. Corrige-me, Senhor, peço-o de coração. Tu, Senhor, venceste o mundo. Faze-me participar de tua vitória.”
 Albrecht Dürer, 1471-1528, pintor alemão

Meditação
“Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (At. 2:36). A acusação de Pedro neste discurso é, sem dúvida, muito dura e abrangente. Ele acusa toda a casa de Israel da responsabilidade pela crucificação de Cristo. A multidão em Jerusalém no dia de Pentecostes certamente não era a mesma multidão que lá estivera para a festa da Páscoa. No entanto, a multidão de Pentecostes era tão responsável pela cruz de Cristo quanto a multidão da Páscoa. A culpa estava em todos nós, gentios e judeus. A cruz expôs diante de todos nós aquilo que insistentemente negamos. Conspiramos contra Deus e contra o homem que ele criou à sua imagem e semelhança. No entanto, a ação de Deus em Cristo sobre a cruz foi maior e mais poderosa que a ação daqueles que o colocaram nela. A traição, o abandono, a injustiça, a maldade, a mentira, a covardia que estiveram presentes na crucificação fazem parte do nosso cotidiano, compõem nossas vidas e relações e nos fazem culpados como os judeus daquela páscoa. Porém, a cruz testemunha o triunfo do amor, da graça e do perdão, e oferece a nós, pecadores que somos, a dádiva da reconciliação. 
Mesmo vivendo 20 séculos depois, você se sente responsável pela crucificação de Cristo? Por que?

Intercessão
Ore para que, mesmo depois de 20 séculos, não esqueçamos que foi o nosso pecado, maldade e mentira que crucificaram nosso Senhor.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Unidade e Paz

                                                                        "Para Celebrar a Páscoa" - Ricardo Barbosa de Sousa - Editora Ultimato


Senhor, livra-me de todo falso temor, de altivez e de impaciência. Dirige minha mente para ti e para a cruz de Cristo, sinal de tua graça. Se hoje alguém me ofender ou machucar, dá que lhe perdoe de coração e dá a ele que, antes de terminar o dia, venha a arrepender-se em tua presença e assim ter paz.”   
Annette von Droste Hülshoff



Meditação
“Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos” (Is. 53:6).
É comum o ser humano achar que a paz e a unidade são fruto do esforço comum dos homens em promovê-la. Basta termos algo em comum e nos empenharmos por ele que alcançaremos a paz e a unidade. No entanto, para o profeta Isaías, tanto um como outro só nos é possível através da cruz. É nela que nos identificamos, que nos vemos como realmente somos. Sem a cruz somos como ovelhas desgarradas, autônomas, solitárias e rebeldes. Na cruz nos encontramos com nosso pecado, ódio, indiferença e rebeldia. Olhamos para Cristo e vemos quão longe estamos, quão solitários somos. Ao receber nossas iniquidades, ele nos recebe, nos faz irmãos e irmãs, cria a paz e promove a unidade. Sem a cruz, permaneceremos sozinhos, lutando uns com os outros, buscando em nós mesmos um significado, um motivo para a paz, uma razão para ser. Através da cruz nos encontramos, experimentamos juntos o perdão, acolhemos com gratidão a graça de Deus, provamos a comunhão e gozamos juntos a unidade e a paz.
Você é uma ovelha desgarrada, andando pelo seu próprio caminho, ou faz parte da comunidade de ovelhas do Senhor?

Intercessão
Ore para que a cruz se erga entre os homens e traga de volta as ovelhas de Cristo que encontram-se desviadas por caminhos de morte

sexta-feira, 23 de março de 2018

O FERIDO DE DEUS

"Para Celebrar a Páscoa" - Ricardo Barbosa de Sousa - Editora Ultimato



 “Jesus Cristo, tua luta é nossa vitória, tua morte é nossa vida. Em tuas algemas nasce nossa liberdade. Tua cruz é nosso consolo, tuas feridas são nossa salvação, teu sangue é nosso resgate, a herança dos pobres pecadores.”  
Adam Thibesius, 1596-1652



 Meditação 
“Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz duma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso” (Is. 53:1-3). Uma cena que frequentemente me choca é a de crianças famintas do Sudão ou Etiópia. Pele grudada nos ossos, olhos esbugalhados e sem expressão, moscas pousando no corpo sem vida, força ou vontade. Geralmente mudo rapidamente o canal da televisão ou viro a página da revista. Me deprime, causa um profundo mal estar. A cruz fez de Cristo uma pessoa rejeitada. A dor e o sofrimento causam o abandono e o desprezo. Os hospitais estão cheios de doentes solitários, quanto mais grave sua doença, maior a solidão. Não há beleza na cruz, nada que nos agrade, que desperte nosso olhar ou admiração. Certamente passaríamos ao largo se a cruz se encontrasse em nosso caminho de volta para casa, como evitamos um pedinte com feridas expostas.  Somente quando vemos nossas próprias chagas e reconhecemos que são elas que desfiguram o corpo de Jesus, é que o abraçamos e, pela fé, o recebemos como o ferido de Deus que nos cura de nossas enfermidades. Como você reage diante da dor, do sofrimento, da injustiça? 

Intercessão:
Ore para que a igreja não fuja da realidade da dor e do sofrimento, que olhe para a cruz, não com compaixão e piedade, mas com devoção e temor.


quarta-feira, 21 de março de 2018

Em que consiste a liberdade?


Disse Jesus aos judeus que haviam crido nele: "Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos.
E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará".
Eles lhe responderam: "Somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como você pode dizer que seremos livres? "
Jesus respondeu: "Digo-lhes a verdade: Todo aquele que vive pecando é escravo do pecado.
O escravo não tem lugar permanente na família, mas o filho pertence a ela para sempre.
Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres.
Eu sei que vocês são descendentes de Abraão. Contudo, estão procurando matar-me, porque em vocês não há lugar para a minha palavra.
Eu lhes estou dizendo o que vi na presença do Pai, e vocês fazem o que ouviram do pai de vocês".
"Abraão é o nosso pai", responderam eles. Disse Jesus: "Se vocês fossem filhos de Abraão, fariam as obras que Abraão fez.
Mas vocês estão procurando matar-me, sendo que eu lhes falei a verdade que ouvi de Deus; Abraão não agiu assim.
Vocês estão fazendo as obras do pai de vocês". Protestaram eles: "Nós não somos filhos ilegítimos. O único Pai que temos é Deus".
Disse-lhes Jesus: "Se Deus fosse o Pai de vocês, vocês me amariam, pois eu vim de Deus e agora estou aqui. Eu não vim por mim mesmo, mas ele me enviou.


Reflexão:

Em que consiste a liberdade? A resposta a esta pergunta sempre nos parece clara, mas só à primeira vista. O Evangelho de hoje nos mostra que os judeus pensaram que eram livres e, no entanto, não eram, porque existem muitas formas sutis de escravidão, sendo que as piores são as nossas tendências ao mal, as nossas imaturidades e as nossas fraquezas, e são piores porque brotam no nosso interior, nos enganando, porque pensamos que estamos fazendo a nossa vontade quando na verdade estamos cedendo aos nossos desejos, que não nos deixam ser livres. Somente permanecendo unidos a Cristo é que podemos vencer a nossa natureza e sermos verdadeiramente livres.

Fonte: franciscanos.org.br