quarta-feira, 21 de junho de 2017

SOFRIMENTO

Por: Ed René Kivitz

O sofrimento pode ser o caminho através do qual chegamos às nossas verdades. A estrada pela qual chegamos à maturidade atravessa, necessariamente, a escuridão e a solidão. A escuridão, porque sofrer implica perder as referências, desdenhar das explicações, questionar os clichês e aventurar perguntas. 
A escuridão é o momento quando não caminhamos porque vemos, mas porque intuímos, recordamos e temos fé. Intuímos o rumo certo pelo tanto que já caminhamos, recordamos as experiências aprendidas em momentos semelhantes no passado e andamos por fé, que supera as trevas, prescinde de explicações e transcende as certezas. A solidão é imprescindível na trilha do sofrimento. A dor pode ser compartilhada, mas jamais transferida. Pode ser percebida, mas não capturada. Pode até ser escondida, mas nunca suprimida. Quem sofre, sofre sempre em solidão. Não necessariamente porque lhe falta boa e providencial companhia, mas porque todo sofrimento pessoal, em sua dimensão mais profunda e essencial, é intransferível.

O sofrimento tem sua realidade particular, e não pode ser diferente: cada um sofre por uma razão, é vitimado em áreas distintas, por motivos diversos e com respostas as mais variadas, num dégradé de resiliência que vai da meninice do chororô ao heroísmo quase estóico, incluído entre os tons das cores a grandeza da fé, resignada e esperançosa, e por isso engajada e mobilizadora.
O sofrimento desperta para o ético e o estético. Convoca virtudes adormecidas a que subam ao palco: coragem, perseverança, paciência, honradez, respeito à vida. Possibilita o lapidar do caráter, apara arestas, harmoniza as formas, faz irromper a beleza escondida na frieza do coração.

O sofrimento quebranta orgulhosos, vaidosos e prepotentes, faz desmoronar intransigentes, legalistas e moralistas. Como o martelo do escultor, retira os excessos da pedra e dá à luz o belo, o sublime, o deslumbrante. Quem sofre descobre seus limites, identifica verdadeiras amizades, vislumbra novos horizontes, abre a mente para novas verdades e o coração para novos amores. 

O sofrimento produz compaixão, evoca misericórdia, gera solidariedade. O sofrimento cria caminhos para arrependimentos e confissões, subverte juízos e sentenças, possibilita aproximações e reconciliações.

O sofrimento coloca homens, mulheres, velhos e crianças, de joelhos. Faz com que os olhos procurem os céus. Dilata a alma para o mistério, conclama o espírito para o inefável, inspira poesias e canções, faz surgir nos lábios o perfeito louvor. Quem sofre aprende a perdoar e pedir perdão. Ganha a oportunidade de colocar o rosto no chão, em clamor e oração. O sofredor jamais chora em vão. Deus habita também a sombra e a escuridão.

O sofrimento é o ônus do viver, o custo do amor, a paga pelo crescimento, o preço da maturidade. Viver é muito perigoso, já dizia Guimarães. Amar é muito precioso. Crescer é muito doloroso. Amadurecer é muito custoso. Crer é coisa de teimoso.

O sofrimento diminui o poder da morte, dissolve a crueldade da indiferença, envergonha a pequenez da alma, desmascara o mundo de mentirinha da ingênua infância, quebra a maldição da incredulidade. Aceitar a realidade e inevitabilidade do sofrimento é escolher a vida, decidir amar, optar pela plenitude, apostar na fé.

sábado, 17 de junho de 2017

A Família e o Desafio da Saúde Integral

“Partiu, pois, a Sunamita e foi ter com o homem de Deus, ao monte Carmelo; e sucedeu que, vendo-a de longe o homem de Deus, disse a Geazi, seu moço: Eis aí a sunamita; corre-lhe ao encontro e pergunta-lhe: Vais bem? Vai bem teu marido? Vai bem teu filho? Ela respondeu: Vai bem.” (2Rs 4.25,26)

Quando o profeta Eliseu passou pela cidade de Suném (2Rs 4.8), ele foi convidado por uma sunamita e seu esposo, ricos, e sem filhos, para comer com eles. A partir da compreensão de que Eliseu era “um santo homem de Deus” (4.9), eles resolveram fazer um pequeno quarto em cima do muro, com uma cama, uma mesa, uma cadeira e um candeeiro. Eliseu passou não apenas a comer, mas também a pernoitar ali. Eliseu profetizou que a sunamita teria um filho, o que de fato aconteceu depois de um ano (4.17). Quando o menino cresceu e estava no campo com seu pai, teve uma aguda dor de cabeça. O pai mandou leva-lo à mãe (4.19), mas o menino não resistiu e acabou morrendo. A sunamita então, colocou a criança morta sobre a cama do homem de Deus (4.21), e procurou o seu marido para dizer-lhe que ela ia ao encontro de Eliseu (4.22). Estranhando a repentina viagem, o homem perguntou à esposa: “Por quê? Não é lua nova nem sábado!” (4.23) Ao que ela respondeu: “Tudo vai bem!”, e partiu. Quando chegou perto do Monte Carmelo, Eliseu mandou perguntar-lhe: “Vais bem? Vai bem teu marido? Vai bem teu filho?” E ela mais uma vez respondeu: “Vai bem”. A história prossegue e ela revela a sua amargura, resultando na recuperação da vida e da saúde da criança.

Marido e mulher eram ricos, tinham sensibilidade espiritual, tratavam com desvelo o profeta do Senhor e investiam na obra de Deus, mas tinham problemas em assumir a responsabilidade pelo bem-estar do filho, além de dificuldades de comunicação. Eles estavam bem em alguns aspectos, mas nem tudo ia bem. O que se destaca aqui é a sunamita afirmando categoricamente que tudo ia bem, quando na verdade a criança estava morta.

Como vai a saúde da família brasileira? Tem bem-estar material, mas não experimenta bem-estar conjugal? Apresenta atitudes religiosas compatíveis com o que se espera, mas no fundo vive distorções e desvios espirituais profundos? Tem aparência e nome de que vive, mas está morta (conforme Apocalipse 3.1)? Como vai a saúde da sua família?

Oremos: 
1) Pela saúde integral da família brasileira. 
2) Pelos pais, para que assumam as responsabilidades pelo bem-estar de seus filhos. 
3) Para que haja boa comunicação em nossa família. 
4) Para que sejam eliminadas todas as distorções espirituais de nosso lar.
5) Para que nossa família seja verdadeiramente viva e saudável.


Fonte: Guia Devocional 30 Dias de Oração pela Família / Junta de Missões Nacionais

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Valores Desvalorizados


Segundo o dicionário Aurélio, valores são normas, princípios ou padrões sociais aceitos ou mantidos por indivíduos, classes ou sociedades. A humanidade necessita de valores que norteiem a sua vivência em comunidade. Muito se fala em valores que eram observados, mas hoje nem são lembrados graças à decadência moral da família. A ausência de valores provoca rupturas na família que dificilmente serão consertadas, pois aqueles que a compõem, pai, mãe e filhos, vêm adquirindo novos procedimentos que a tem distanciado dos padrões de Deus. 

A ética é definida por Motta (1984) como um “conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vivem, garantindo, outrossim, o bem-estar social”, ou seja, é a forma que o homem deve se comportar no seu meio social. E como podemos definir a ética cristã? Podemos defini-la como um conjunto de valores extraídos da Palavra de Deus que deve determinar o comportamento do crente, garantindo o bom testemunho do filho de Deus. Há aqueles que definem a ética como teórica e a moral como prática. Então, a nossa ética cristã é mostrada através do nosso comportamento, visto na prática.

O nosso código de ética é a Palavra de Deus. Ela é um código completo, que determina como nossas famílias devem viver e, principalmente, como os pais devem desenvolver o caráter cristão dos filhos. Na Bíblia encontramos valores eternos e divinamente inspirados para fazer da nossa família um lar que espelhe o caráter de Cristo. A ausência desses valores levará o lar ao caos. “Para que temas ao SENHOR, teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos (valores) que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados” (Dt 6.2). 
Os valores eternos constituem bens que devem ser guardados como tesouros que enriquecem nosso lar.

Você ama os valores da Palavra de Deus, como o salmista? “Amo os teus mandamentos mais do que o ouro, mais do que o ouro refinado.” (Sl 119.127)

Oremos: 
1) Pelas famílias cristãs, para que preservem os valores da Palavra de Deus em meio a uma sociedade decadente. 
2) Pelas famílias em geral, para que não sejam destruídas pelos novos procedimentos divorciados dos padrões de Deus. 
3) Para que o comportamento dos crentes reflita os valores do código de ética de Deus. 
4) Para que nossos lares espelhem o caráter de Cristo. 
5) Para que a sociedade como um todo perceba o caos iminente e se volte aos valores da Palavra de Deus.