sábado, 2 de fevereiro de 2019

UMA SINDROME CHAMADA COMPLEXO DE SUPERIORIDADE



Acontece nas melhores famílias. O cara começa do nada, trabalha incessantemente, come alguns sacos de sal, até que dá certo na vida. Muda de patamar e passa a morar na cobertura. Palmas pro cara. Finalmente ele alcança uma vista privilegiada. Olha para baixo, vê o caminho percorrido e se orgulha do esforço. Valeu a pena. E o que ele imagina ser sua hora de paz é justamente o momento mais perigoso. É quando assombra o fantasma da superioridade.

Convencido de seu inesgotável talento, o pobre vencedor não consegue descer do salto. Acaba condenado aos calos — e pode sangrar os pés, mas dali não desce. Pessoas ou empresas nessa situação passam a ter uma visão idealizada de si mesmas. Passam a acreditar no que andam falando de suas figuras.

Desprovido de insegurança, o mito não pisa no chão: flutua. Não precisa de ninguém: os outros é que precisam dele. Não há mais o que conquistar: o mundo é que passa a sonhar em conquistá-lo.
Você já deve ter convivido com um superiorizado bem de perto. 

É a empresa que não valoriza o colaborador, porque acredita que é um privilégio trabalhar ali. O chefe que acredita ter ensinado tudo ao subordinado, e nem imagina o quanto com ele aprendeu. O empregador que usa a ameaça de demissão como método de gestão. Não é preciso ir longe: é o homem certo de que nunca vai ser deixado pela namorada — até descobrir que ela tem um amante. 

Complexo de superioridade é uma síndrome perigosa à qual todos estamos sujeitos. Uma espécie de miopia que nos impede de ver o mundo como é.

Lá do alto, enxergamos mal o que ficou abaixo. Tudo fica pequeno e longe demais, até o espelho. Oposto ao complexo de inferioridade, que nos mantém ligados demais ao medo e à insegurança, este outro nos faz acreditar que nada mais é preciso temer. E é aí que mora o perigo. Cair de um ou dois metros de altura provoca, no máximo, uma fratura. 

Cair do 10º andar é morte na certa. Do alto ao nada, em poucos segundos. É bom não se perder de sua humanidade falível, a mesma que o levou à conquista. Duvide um pouco (e sempre) de si mesmo. 
É a forma mais bonita e humana de caminhar.

Por: Cris Guerra



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