sábado, 16 de janeiro de 2021

O impacto emocional causado pela morte de um animal de estimação



Só quem tem um ou mais animais de estimação, sem importar espécie ou raça, consegue entender a alegria que eles trazem para a nossa vida e para o nosso dia a dia, que pode, muitas vezes, ser conturbado ou estressante. O amor que um pai ou uma mãe de pet sente é indescritível e puro. Gato, cachorro, papagaio, hamster, peixe… qualquer animal consegue ter uma conexão única com o dono e trazer paz para uma casa. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional de Saúde, feita pelo IBGE, 44,3% dos lares brasileiros têm a presença de ao menos um cachorro, o que já deixa claro o quanto gostamos de ter um animal conosco.
Assim como ter um animalzinho é extremamente benéfico para nós, humanos, perder o companheiro de vida também faz mal na mesma intensidade. O sentimento de vazio é muito grande e a morte de um animal de estimação pode até causar depressão. Há psicólogos que garantem que perder seu bicho pode se igualar à dor de perder um familiar próximo, como perder um filho ou irmão: o luto pode durar dias, meses e até mesmo anos. As pessoas ao redor devem respeitar e levar a sério quem está de luto por um pet. Ainda que essas pessoas não tenham tido o contato e a relação que o dono tinha com o animal, é preciso ser empático e se colocar no lugar dele nesses momentos.

A Naya, a cachorrinha que era fiel escudeira de Marcela Ela, de Guarulhos, SP, dormiu por seis anos com a dona e, depois de seu falecimento repentino, não foi nada fácil superar: “(…) Sei que isso é estranho, mas sinto que só sobrevivi ao ensino médio porque tinha ela. Ela morreu de repente, foi me procurar e caiu morta no meu pé (acredito que ela quis se despedir)… E isso me destruiu tanto que eu só consegui dormir bem depois de um ano. (…) Até hoje ainda estranho meu quarto estar vazio e não ter ela observando a rua pela janela. Ela morreu em (2017) e até hoje sinto falta dela”, conta Marcela.

Mesmo que passemos anos e anos ao lado deles, se faz necessário ter em mente que um dia eles partirão e que isso pode acontecer em decorrência de alguma doença, complicação ou até envelhecimento natural, levando em conta que os gatos, por exemplo, têm expectativa de vida de 2 e 16 anos e os cachorros de 10 a 13 anos, enquanto a média dos humanos é viver até os 79. Ou seja, infelizmente, não é possível que nosso bichinho nos acompanhe a vida inteira. Muitas pessoas preferem conviver com os animais a conviver com outras pessoas, e elas não devem ser martirizadas por isso; os bichos de estimação oferecem amor, apoio, lealdade e conforto, ao passo que a cada dia a humanidade nos decepciona mais e mais. Por isso, quando o animal morre, o dono sente como se tivesse perdido uma das relações mais especiais da vida dele, e é isso mesmo que acontece.

“Eu a segurei na primeira vacina, eu dei o primeiro banho, eu peguei o primeiro dentinho, eu que levei a primeira vez para passear, para fazer cocozinho fora de casa, ensinei a fazer xixi no lugar correto, a deitar, sentar e rolar. A ser paciente (pelo menos, na maior parte do tempo). Eu fiz tudo e dei tudo o que poderia dar a ela. Todos os abraços, carinhos, beijos e cheiros, e ela me retribuiu com tudo em dobro – inclusive mordidas nas horas de dar o remédio –, mas eu nunca liguei”, diz Placido Possam, de São Paulo, capital. Para ele, a forma de superar não ter mais sua cachorra Leona foi acreditar que ela está em um lugar melhor e que ele irá reencontrá-la: “Sei que ela está viva e me esperando, sem sofrimento algum. Tenho absoluta certeza disso, e ninguém vai me provar o contrário”, completa.

Olhando por essa perspectiva, quem não tem animal passa a entender melhor o luto de quem perdeu um pet. Inclusive vem se tornando cada vez mais comum a organização de funerais e enterros para os animais, da mesma forma que essas cerimônias são realizadas para os humanos. E tudo bem para o dono se ele quiser se despedir dessa forma! Esse é um momento muito delicado e pode ser necessário. Contudo, em um ponto se deve ter muita atenção: se, no processo do luto, o dono tem a sua rotina interrompida por causa da morte ou apresenta sintomas de problemas psicológicos mais profundos, procurar um profissional, como o psicólogo, é sempre a melhor opção para tratar ou evitar doenças graves da mente que podem se originar devido a essa perda.

A morte de um animal pode influenciar a saúde física e emocional do dono e, caso ele perceba que não tem apoio ou compreensão de quem está próximo, a tendência é o dono se isolar, não desabafar, tornando a situação ainda pior. A rotina, que antes possuía pequenas – ou grandes – tarefas feitas para o bichinho ou junto dele, precisa ser toda modificada após a perda, fazendo com que alguns hábitos tenham que ser “encerrados” de uma hora para outra, gerando ansiedade e confusão, além da tristeza.
Há diversos relatos de donos que nunca realmente superaram a morte de seu animal. Joice Marcelino, de Caieiras, SP, é um dos casos. Ela teve por três anos a companhia de seu hamster Hades e o perdeu em 2018. A dona deixou uma declaração comovente para o bichinho em seu Instagram, em agradecimento a tudo que eles passaram juntos: “(…) agora você vai descansar, porque você cumpriu a sua função, me deu amor e foi a melhor criaturinha da minha vida, eu te amo muito, Hades”, encerrou Joice em sua publicação.

Entretanto, alguns passos, ou melhor, pensamentos podem ajudar a passar por esse luto de forma menos dolorosa: o dono deve tirar o tempo que for necessário para expressar sua tristeza e lidar com a perda. Se tiver vontade de chorar, chore, não reprima o sentimento. Não se culpar pelo que aconteceu é um grande passo e talvez um dos mais complicados de entender, mas se seu animal de estimação morreu isso não é sua responsabilidade, tente se tranquilizar e imaginar que você fez o que pôde para ajudá-lo. Mariana Prignacca, de Lençóis Paulista, SP, tentou mentalizar isso nas vezes em que perdeu um animal: “(…) no começo é muito difícil. Mas aprendi a pensar que eu dei o meu melhor aos meus animais, e que a vida deles foi boa e feliz, e que temos que aprender que tudo é passageiro nesta vida”. Assim como Mariana, todos os donos de pet sentem uma dificuldade muito grande em aceitar a morte no começo, mas mesmo assim é preciso ser paciente. Não se esqueça de que você deverá retomar a sua vida habitual, mas não deixe de respeitar sua dor.

Diferentemente do que muitas pessoas pensam, principalmente quem não tem animal de estimação, adotar outro bichinho não é uma boa ideia num primeiro momento. É preciso entender que um animal nunca substituirá o outro, eles são diferentes, com personalidade diferente, e a falta do animal que faleceu continuará sendo sentida. Se o dono ainda não estiver preparado para que uma nova vida faça parte de seu lar, é capaz de que ele se sinta ainda mais triste e não saiba como interagir ou criar laços com o animal recém-chegado. A própria pessoa que perdeu seu companheiro deve esperar a poeira baixar, para pensar melhor sobre a questão de ter outro bichinho e fazer a escolha de coração aberto.

Os animais são seres vivos que nos ensinam mais coisas boas do que ruins, se é que não podemos dizer que só ensinam coisas boas, e eles sempre terão um espaço reservado dentro do nosso coração. Anos podem se passar, que continuaremos nos recordando das boas lembranças e momentos que eles nos proporcionaram, e isso nos ajuda a ter uma vida mais feliz e completa. Abençoados sejam todos os animais de estimação, que contribuem tanto para que nossa existência faça sentido no mundo.


Fonte: www.eusemfronteiras.com.br


P.S - Caso queira compartilhar a sua dor com quem sabe o que você está sentindo deixe seu contato. (Passei por isso algumas vezes, e a última foi dia 05/12/2020, meu cãozinho Duca de 13 anos, faleceu vitima de cardiopática descoberta muito tardia) 

Sugestão Leitura: Um pedaço de mim - Aprendendo a superar a dor da perda (pets) por Dr. Daniel Cooper, médico veterinário.  Mais informações e aquisição: www.umpedacodemim.com.br


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