#Fica a dica
Feito o ar que o ser humano respira, a gentileza faz bem e não custa nada. Está nas atitudes mais simples e inspira um dos sentimentos mais nobres: A GRATIDÃO. Por onde passa, deixa um rastro de sorrisos. Como se não bastasse, costuma ser mais benéfica para quem a pratica do que para quem a recebe. Por isso, fica a dica: SEJA GENTIL.
O Dia Mundial da Gentileza foi celebrado em 13 de novembro. Um marco importante para trazer à tona histórias e desenvolver ações que estimulem essa prática, não apenas neste, mas todos os dias.
Em meio a altos índices de violência, corrupção e crise econômica, conforta, sem dúvida, a ideia de que existem mais pessoas do que se imagina propensas a atitudes de gentileza, desde as mais simples até as mais elaboradas, colaborando de forma desinteressada para tornar o cotidiano das pessoas mais agradável, unicamente pelo prazer de ser cortês ou de fazer uso da boa e velha educação.
Sútil, imperceptível e silenciosa, a gentileza está presente em todos os lugares: nas filas, no trânsito, nos hospitais, no ambiente de trabalho e até dentro de casa. Pode, muitas vezes, ser precedida de um “por favor” e acompanhada por um “obrigado”, mas, genuinamente, costuma brotar de forma espontânea, nas mais adversas situações do dia a dia, gerando enorme satisfação não apenas para quem a recebe, mas principalmente para quem a pratica.
As três histórias narradas a seguir demonstram bem esse poder: Como uma atitude simples é surpreendente e desencadeia benefícios, muitas vezes, inesperados.
GENTILEZA QUE SALVA
Mara Valochi Zampronio, mãe de Lorena, de 10 anos, atribui à gentileza de pessoas estranhas a superação de um momento dramático vivenciado há alguns anos. “Estávamos na avenida Independência, a babá comentou que a Lorena estava febril e eu disse que em minutos já estaríamos chegando ao nosso destino. Foi o tempo de terminar a frase e ela desesperadamente, em voz alta, disse que a Lorena estava tendo convulsão. Eu precisava prestar socorro à minha filha para salvar a vida dela e evitar alguma sequela. Lembrei do Hospital São Lucas, que ficava bem próximo. Fiz o primeiro retorno, mas o trânsito estava congestionado. Simplesmente deixei meu carro com a chave no contato, vidros e portas abertas, bolsa com documentos e a babá. Peguei a Lorena em meus braços e sai correndo e gritando para me ajudarem a salvar a vida da minha filha. Naquele momento apareceram anjos para nos ajudar”, relata Mara.
Uma moça que passava de moto começou a buzinar para chamar a atenção dos carros e eles foram parando para a mãe atravessar as ruas correndo e chegar ao hospital, que ficava a alguns quarteirões. “Um senhor pediu para eu colocá-la em seus braços porque ele poderia ser mais rápido do que eu. Entreguei minha filha e ele a levou para o hospital. Fomos imediatamente atendidas. Alguns minutos depois, a babá chegou com a chave do carro dizendo que uma pessoa a tinha levado até lá”, relembra emocionada.
Diante de tanto desespero, Mara não teve oportunidade de conhecer esses “anjos gentis”, como os chama, que a ajudaram a salvar a vida da filha, que não teve nenhuma sequela. “Os coloco sempre em minhas orações, agradecendo pela gentileza que me prestaram e desejando muita saúde a eles”, revela. Para Mara, a gentileza corresponde a um modo de agir que contribui para a construção de um mundo mais humano. “Para se tornar uma pessoa mais gentil, é preciso que cada um reflita sobre o modo como se relaciona consigo mesmo e com as pessoas que fazem e que não fazem parte do seu convívio. Ser gentil é um atributo muito mais sofisticado do que ser simplesmente educado. Muitas pessoas, em algumas circunstâncias, são educadas apenas para cumprir regras de etiqueta. A gentileza está relacionada com o carácter, com os valores do ser humano”, pontua.
QUEM FAZ UMA GENTILEZA OLHA NO SENTIDO OPOSTO AO DO PRÓPRIO UMBIGO. QUEM SABE A GENTILEZA NÃO SEJA A SOLUÇÃO PARA MUITOS CASOS DE DEPRESSÃO. POIS QUEM A PRATICA DEIXA DE SE CONCENTRAR EM SEUS PROBLEMAS E COMEÇA A TER COMO REFERÊNCIA O PRÓXIMO.
GENTILEZA GERA GENTILEZA
Para a engenheira agrônoma Monique Cerchiari, a gentileza pode surgir também em momentos de tristeza, quando a pessoa, consciente desse sentimento, procura gerar felicidade aos outros para revertê-lo e se alegrar também. Além disso, Monique destaca a gentileza como um sentimento intimamente ligado à gratidão pela vida, quando a pessoa transborda felicidade interna alcançando os demais com um sorriso.
Foi o que aconteceu com ela durante uma palestra sobre empreendedorismo. “Foi em um hotel aqui em Ribeirão Preto. Ao final do encontro, as pessoas se reuniram em torno de algumas mesas dispostas com livros relativos ao tema à venda. Não conhecia ninguém, era minha primeira vez no local, e uma senhora ao meu lado começou a folhear livros. Trocamos algumas palavras, pedi dicas e ela, então, comprou um livro, fez uma dedicatória e me presenteou. Disse que o livro havia modificado a vida dela e esperava que ele me iluminasse também. Fiquei tão surpresa e ao mesmo tempo tão grata com a gentileza que, depois, fiz o mesmo em outra oportunidade. É exatamente como dizem, gentileza atrai gentileza, porque a pessoa que a recebe se alegra melhora seu bem-estar e, automaticamente, influencia de uma forma mais positiva o seu entorno”, conta Monique.
A agrônoma esteve no sertão da Bahia em julho, passou um mês em um povoado na caatinga e conta que ali observou outro tipo de gentileza. “Lá, geralmente, tudo o que se cozinha é oferecido ao vizinho. As visitas são constantes, sem horário marcado ou ligação prévia e há sempre um bolo ou um suco natural esperando por elas. As pessoas pouco falam com licença ou obrigada, mas expressam gentileza à sua maneira. Diferente do que temos aqui, nem mais nem menos, apenas diferente”, afirma.
No dia a dia urbano, Monique observa que a gentileza pode ser expressa quando se para com o veículo para o pedestre atravessar na faixa ou quando se dá passagem a outro veículo, quando se abre a porta do banco ou qualquer outro lugar para quem entra e também quando se sorri para quem cruza o seu caminho. “Principalmente nos postos de saúde e nos hospitais, um sorriso de um atendente para um paciente ou vice-versa é sempre bem-vindo. Quem faz uma gentileza olha no sentido oposto ao do próprio umbigo. Quem sabe a gentileza não seja a solução para muitos casos de depressão, pois quem a pratica deixa de se concentrar em seus problemas e começa a ter como referência o próximo”, destaca a engenheira.
Na outra ponta dessa questão, Monique pontua, ainda, um tipo muito importante de gentileza: consigo mesmo. “Quando caminhamos em um parque para fazer bem ao nosso próprio corpo ou procuramos nos alimentar de forma mais saudável, ou quando somos gentis com o planeta, separando o lixo reciclado e levando a um posto de coleta, estamos sendo gentis. As formas de ser gentil são inúmeras.”, salienta.
DE GERAÇÃO PARA GERAÇÃO
Com a zootecnista e facilitadora de Biodanza Helena Cristina Medeiros Vieira Schmidek e sua mãe, a funcionária pública aposentada Maria de Fátima de Medeiros, o hábito passado de mãe para filha de ser gentil cedendo o lugar na fila a outras pessoas conduziu a finais felizes distintos.
Helena, certa vez, querendo ser gentil com um senhor que chegou depois dela passando a vez, acabou surpreendida pela gentileza dele. “Aguardava minha vez na fila da lotérica e apenas um caixa estava atendendo. Não havia, portanto, atendimento preferencial naquele momento, por isso, quando vi um senhor entrar, logo disse a ele que passasse na minha frente. Ele agradeceu e cheguei a insistir para que ele ficasse à frente, mas não quis de maneira nenhuma. Quando já estava de saída o notei tirando um grosso maço de papéis, enquanto ia em direção ao caixa, ou seja, o seu atendimento iria demorar mais do que o meu. No final, a gentileza foi dele e não minha”, conta Helena, agradecida.
Com a mãe, a história foi um pouco diferente. Certa vez, Maria de Fátima aguardava pacientemente na fila do supermercado quando, notando que a pessoa atrás dela estava impaciente, olhando o relógio, decidiu ser gentil e permitir que passasse a compra na sua frente. No seu caso, diferente do que aconteceu com Helena, a pessoa agradeceu a gentileza e passou a frente, mas qual não foi a sua surpresa quando a atendente deu a notícia de uma promoção que estava acontecendo e que a pessoa havia ganhado a sua compra de presente. “Foi uma surpresa tanto para ele, quanto para mim e para a menina do caixa. Cedendo a vez, acabei passando a minha ‘sorte’ para ele. Ou a ‘sorte’ já era dele mesmo, por isso, cedi a vez”, lembra, sorrindo, da história dona Maria de Fátima. No final das contas, para retribuir a gentileza, o “sortudo” acabou presenteando-a com um sabão em pó.
Em função do mesmo hábito de ser gentil, mãe e filha têm histórias diferentes para contar, o que não lhes tira o humor e, muito menos, o prazer de continuar atuando assim.
“Para mim, gentileza é uma forma de agir no mudo que abre um espaço afetivo para que qualidades como consideração, gratidão, respeito, humildade, etc, possam se revelar”, define Helena.
Para a facilitadora de Biodanza, as três “palavras mágicas” — por favor, com licença e obrigado — são consideradas assim justamente por estarem naturalmente associadas a expressões ou a sinônimos de gentileza. “Quando dizemos ‘por favor’, saímos de uma relação de autoridade, de poder e iniciamos uma comunicação de igualdade, onde não há obrigatoriedade do outro agir de acordo com a nossa vontade, senão sentindo-se propenso a isso. Um ‘com licença’, que espera a resposta do outro, traz em si a humildade em respeitar o espaço que o outro abre para que adentremos. O ‘obrigado’ carrega em si o peso da gratidão”, argumenta.
Em seu trabalho, Helena lida muito com a expressão de potencialidades internas, entre elas, a comunicação afetiva, pouco estimulada durante o desenvolvimento humano. A Biodanza acaba sendo uma ferramenta para que as pessoas deixem o mau humor ou a rigidez de lado e passem a interagir de forma mais harmônica e, por que não, gentil, consigo mesmas e umas com as outras. “Gentileza também pode ser palavra dita que eleva, olhar que reconhece, mão que acaricia, silêncio que escuta, assertividade que deixa claro limites. Em uma cultura onde a associação em se sentir valorizado é muito maior pelo que se tem, do que pelo como se age, a gentileza precisa estar cada vez mais presente”, finaliza.
PRATICANDO A GENTILEZA
Tanto é importante falar e praticar a gentileza, não apenas na sua data comemorativa como em todos os dias, que o Shopping Santa Úrsula resolveu investir nessa ideia e, desde agosto, espalhou cartazes pelos seus corredores alertando para a importância da colaboração. A ação destaca gestos simples, como ajudar uma pessoa idosa; dar preferência no uso do elevador aos idosos, mães com bebês de colo e portadores de necessidades especiais; dar passagem na escada rolante para os que estão com mais pressa, orientando ficar no lado direito para deixar a passagem livre ou, simplesmente, dizer “por favor” e “obrigado”. A campanha também mostra que é possível ser gentil com o meio ambiente, não jogando lixo na rua.
A ideia surgiu como uma forma de incentivar atitudes gentis no cotidiano dos clientes, mostrando que boas ações são simples, rápidas e têm o poder de transformar a sociedade. O resultado já apareceu. Segundo a gerente de marketing, Simoni Calderaro, muitos clientes passaram, por exemplo, a levar a bandeja até o lixo, deixando a mesa livre para o próximo, ou a utilizar mais as escadas fixas, principalmente os que vão à academia. “Gentileza é um modo de agir, um jeito de ser, uma maneira de enxergar o mundo e, sobretudo, tem a ver com o desejo de contribuir para um ambiente mais humano e eficiente para todos. Ser gentil estimula o bom relacionamento entre as pessoas e na rotina diária de cada um, seja no trabalho, no shopping, na rua ou em casa, faz um bem enorme”, conclui Simone.
Ser gentil
Aproveitando a oportunidade criada pela ação do shopping, a Revide celebrou o Dia Mundial da Gentileza da melhor forma possível: praticando e estimulando o hábito de ser gentil. Durante o horário do almoço, foram entregues botões de rosa e cartões de agradecimento a pessoas que, ao terminar a refeição, retiravam suas bandejas da mesa, deixando o local preparado para o uso dos demais, uma atitude simples, mas de genuína gentileza.
“A praça de alimentação é muito cheia e, se todo mundo deixar a bandeja, as mesas vão estar sempre sujas. Podemos ser gentis de muitas formas no dia a dia, dando bom dia para o porteiro, cedendo lugar no ônibus, distribuindo sorrisos. Gentileza é sempre muito bom para quem pratica. Nesse mundo difícil, onde todo mundo vive na correria, agir com gentileza deixa a vida mais tranquila, mais leve.” Larissa de Souza Tressoldi
“A gentileza é o começo de tudo. É uma necessidade e uma virtude ao mesmo tempo. É um ato simples, que não custa nada, e ao mesmo tempo representa muito porque significa pensar no próximo, pensar no coletivo.” Conceição Lemos e Camila lemos
“Retirar a bandeja da mesa é uma gentileza também com a pessoa que tem a função de recolher. É difícil lembrar de atos de gentileza dos demais conosco, por isso mesmo devemos dar preferência, atravessar na faixa, ajudar quando solicitados, enfim, dar o exemplo.” Wagner Aparecido de Melo e Ângela Maria Roberto
“Acho, na verdade, que retirar a bandeja ou dar lugar para idosos, gestantes e deficientes, mais do que um ato de gentileza, é uma obrigação.” Lyndsay Zancan
“O mínimo que podemos fazer é retirar nossas bandejas. Ficamos bem quando somos gentis. Em pleno 2015, temos que sair do nosso mundinho e construir um mundo melhor.” Ana Paula Godinho Almeida e Felipe Ferreira Marque
“A gentileza é a forma mais simples e barata de demonstrar respeito e carinho. Procuro ser gentil sempre, independente das circunstâncias. Isso é coisa que vem naturalmente, não se planeja. Se você vive num mundo de gentileza, tudo passa a ser natural.” Eucliedes Braga Malheiros
Revide Online
Yara Racy
Fotos: Júlio Sian
http://www.revide.com.br/editorias/capa/fica-dica/
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