segunda-feira, 16 de abril de 2018

Empatia


As batalhas travadas na luta diária da vida, em busca de conquistar o que se almeja, seja o alimento na mesa ou uma posição mais elevada, pode acelerar nossos passos. Às vezes, o envolvimento ocorre em tantas ocupações que, sem que nos demos conta, já não nos sobra tempo para verdadeiramente nos relacionarmos com as pessoas à nossa volta.

Quando um turbilhão de obrigações nos envolve, pela necessidade que temos de produzir e vencer, percebemo-nos, muitas vezes, solitários na caminhada, desejando nos doar mais ao outro sem, contudo, conseguir. Enfrentamos um sentimento de impotência por não nos vermos como um amigo presente, uma amiga sensível, um pai atencioso, uma mãe paciente, um filho gentil, ou uma filha generosa quando é exatamente o que desejamos ser.

Ao mesmo tempo que temos conquistas das quais nos orgulhamos, os sentimentos escondidos de vazio e solidão nos enclausuram em nós mesmos. Então, ensimesmados, distanciamo-nos cada vez mais das pessoas à nossa volta. Sentimo-nos incompreendidos e julgados, e tomamos o orgulho como escudo, atrás do qual escondemos a nossa dor, quando desejamos veementemente nos sentir aceitos, assim como somos.

O Poema em Linha Reta, de Fernando Pessoa, descreve o sentimento angustiado de alguém que, entre os seus, se sente deslocado no mundo, diante da ausência de empatia das pessoas à sua volta:

[…] Eu que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,

Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo

Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,

Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida…

Desejamos a acolhida empática, onde sintamos a liberdade de poder ser por inteiro, sabendo-nos compreendidos quanto ao nosso empenho em fazer a vida dar certo, vestidos de amor, afeto e nossos defeitos.

Embora haja uma distância entre o que desejamos viver e o que conseguimos, de fato, as relações são vitais para o bem-estar. Porém, desejamos a riqueza de termos próximos a nós pessoas capazes de se colocarem no lugar das outras e compreender seus sentimentos. Se isso acontece, fica mais fácil que nos dispamos das máscaras do orgulho que nos protege, e nos abramos para a construção de relacionamentos consistentes e frutíferos de harmonia e paz.


Por: Cida – CVV Belo Horizonte- MG
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